Características

COMPOSIÇÃO DO BANCO DE DADOS HISTÓRICOS SOBRE MINAS GERAIS – ACIDENTES E NOMES GEOGRÁFICOS, E OUTRAS VARIÁVEIS

O banco de dados históricos deste Repositório reúne informações sobre lugares e propriedades geográficas e linguísticas, correspondentes a acidentes geográficos restritos aos da dimensão humana do território, construída ao longo dos períodos Colonial e Joanino, nas Minas Gerais. Os nomes desses acidentes, referentes à Capitania e às Comarcas mineiras, identificados nos mapas da amostra estudada e, a seguir listados, correspondem:

  1. aos assentamentos da população, relativos à expressão das hierarquias político-administrativas e eclesiásticas das povoações que se encontravam vigentes nos períodos estudados. Os termos designados são cidade, vilas, vilas sede de comarcas, arraiais capelas, arraiais freguesias ou paróquias, e arraiais;
  2. aos locais onde estão assinaladas as presenças de guardas, quartéis, destacamentos, e, ou patrulhas militares, registros ou postos reais e outros sítios, assim genericamente, chamados, nas representações;
  3. às áreas habitadas pelos gentios e suas aldeias.

As denominações dos acidentes geográficos podem ser conhecidas nas legendas dos mapas, nas quais, os cartógrafos arrolam os signos usados na composição do espaço de representação ou, em outros termos, os significantes – as imagens gráficas – e os significados, os conceitos[i]. Em alguns casos, os acidentes geográficos são conhecidos por meio de notas explicativas ou, suas designações aparecem justapostas a um nome geográfico. Nas imagens dos mapas estudados, via de regra, pode ser verificado que as povoações são identificadas na legenda, por meio de signos.

Mesmo que o vocábulo não componha o nome da povoação, e dada a importância político-administrativa e social das vilas, alguns cartógrafos, entretanto, registram essa condição de status junto ao nome. Tal registro é encontrado no MAPPA da Capitania de Minas Geraes (ROCHA, 1777a): “Villa do Caete”, “Villa de Pitangui” e “Villa do Sabará”, na Comarca de Sabará; “V.ª de S. João” e “Villa de S. Jozé”, na Comarca do Rio das Mortes, e “Va. do Fanado”, na Comarca do Serro[ii].

Nesses mapas, e em outros da amostra, as aldeias de gentios também aparecem como elemento das legendas, mas a presença dos indígenas não aldeados, no território, é indicada em notas. Destacam-se, como exemplo, no MAPPA Topografico e Idrografico da Capitania de Minas Geraes (entre 1791 e 1798), as notas: na porção noroeste da Comarca do Sabará, “Certão vadeado pelo Gentio Caepô (Caipós) [....] q´tem feito hostilidades aos viagantes”; na região oriental da Comarca de Vila Rica: “Certão inculto dominado pelo barbo Gentio Pori (Puri)” (Grifo nosso). Por sua vez, nas representações do território de Minas Gerais, muitos dos registros e das guarnições militares apresentam a designação do acidente que compõe o nome geográfico. Tomam-se alguns exemplos, desta feita, das representações: CARTA Geographica da Capitania de Minas Geraes, e Partes Confinantes (1767), “Contagem de Caetemerim”, na Comarca do Serro Frio; “Reg. do Jaguari” (Extrema), na Comarca do Rio das Mortes; MAPPA da Capitania de Minas Geraes (1870), “Registo do Mathias Barbosa” (Matias Barbosa), também na Comarca do Rio das Mortes; Mappa da Capitania de Minas Geraes (ROCHA, 1793): “Goardas das Caldas”, outro exemplo da comarca do Rio das Mortes; Novo Mappa da Capitania de Minas Gerais... Eschwege (1821): “Destacam.to do Rio da Prata”, na Comarca de Sabará.

Em relação aos acidentes geográficos, nota-se, também que, embora os mapas tratem fundamentalmente dos mesmos acidentes, os autores diferem em relação aos seus registros. É importante ressaltar e exemplificar essa característica, assim como foi feito em relação à, anteriormente, abordada, para tornar mais facilmente compreensível aos leitores, os dados que estão armazenados no banco deste Repositório. As diferenças enfocadas, presentemente, concernem a uma propriedade topológica, a de inclusão, considerando-se a legenda como uma estrutura de classes[iii]. Nos exemplos que serão apresentados a seguir, poderá ser verificado que, ora os autores destacam um elemento de uma classe, apesar de representarem também a classe, ora reduzem uma classe a um elemento. Ressalta-se que essas variações estão relacionadas às questões de nível de generalização que os cartógrafos imprimem aos documentos, que podem, por seu turno, ter relação com o nível de agregação dos dados que se encontram à sua disposição para a construção dos documentos, aos propósitos que orientaram a execução de seus trabalhos, aos seus destinatários, entre outros.

Observa-se que todos os mapas estudados assinalam e identificam, no território, a presença de vilas, a posição político-administrativa dessas povoações, nas legendas e no espaço de representação. Entretanto, em Miranda (1804), encontram-se distinguidas as vilas que são sedes das Comarcas, de outras que não o são. Assim é que, na Comarca de Sabará e na do Rio das Mortes, são representadas, fidedignamente, como cabeças de comarca a “Va de Sabara” e a “Villa de S. João”, enquanto as demais são assinaladas como vilas, a saber: “V.a de Barbacena”, “V.a do Caete”, “V.a da Campanha da Princesa”, “V.a de Quelus”, “V. a de Paracatu”, “Vª de Pitangui”, “V. a de Tamandua” e “V. de S. Joze”. Em relação às povoações que correspondem à classe dos arraiais, verifica-se o contrário; os autores destacam elementos da classe. De modo geral, representam os arraiais paróquias e os arraiais capelas, como se exemplifica nas representações de Rocha (1777a; 1778a; 1793) e nas dos autores anônimos, como o MAPPA Topografico e Idrografico da Capitania de Minas Geraes (entre1791 e 1798) e o MAPPA da Capitania de Minas Geraes (1870). No mapa de Miranda (1804), nota-se o uso do termo freguesia, que também era utilizado, na época, para designar as paróquias, e que representa mais um elemento da classe, chamado genericamente de arraiais. Os exemplos citados correspondem aos dos autores que notificaram as categorias enumeradas, anteriormente, na legenda, tanto na relação de significantes, como na de significados.

Chama-se a atenção para o mapa de Eschwege (1821) que constitui uma exceção. Na legenda desse mapa – na relação de significados –, o autor reconhece a existência das categorias de arraiais citadas, mas as associa a apenas um significante, o que impossibilita a identificação dos elementos em questão, no espaço de representação. Uma generalização semelhante ocorre, quando os autores assinalam, no espaço geográfico representado, a presença de guarnições militares e de postos fiscais. Em seu mapa, Rocha (1778a) assinala, com o mesmo significante, os registros, as guardas e as patrulhas de soldados; o mesmo ocorre no MAPPA da Capitania de Minas Geraes (1870), de autor anônimo, e no de Eschwege. Entretanto, observa-se que esses autores registram outros termos na relação dos significados: registros, guardas e destacamentos, no primeiro; e destacamentos e postos reais, segundo.

Por fim, é importante realçar que os acidentes geográficos, como o conceito sugere, denotam propriedades acidentais dos lugares estudados, cujos nomes são os topônimos; ou seja, tratam do vínculo entre o nome e o lugar (SEABRA, 2004)[iv]. Tanto esse vínculo, como o nome de um lugar podem alterar-se ao longo do tempo, de onde decorre a importância da perspectiva histórica dos estudos da toponímia de um território. Essa relevância manifesta-se no estudo do léxico mineiro, do qual se originou o banco de dados que se apresenta, e propiciou alguns exemplos bem ilustrativos das mudanças apontadas anteriormente. Dois deles referem-se à mudança do vínculo e do nome do lugar, como ocorre com os arraiais “Igreja Nova” e “Carijós” (CARTA Geographica da Capitania de Minas Geraes, e Partes Confinantes, 1767), ao se tornarem vilas – “Vila Nova de Barbacena” (Barbacena), em agosto de 1791, e “Queluz” (Conselheiro Lafaiete), em setembro do mesmo ano, conforme já se encontram registrados  nos mapas do Setecentos, cujo exemplo, de onde foram extraídas as novas denominações, é o MAPPA Topografico e Idrografico da Capitania de Minas Geraes (entre 1791 e 1798). O terceiro exemplo diz respeito à mudança do vínculo, mas não do nome, como é o caso de “Tamanduá” (Itapecerica), povoação que se torna vila em novembro de 1789, mas permanece com o mesmo nome, durante os períodos estudados[v]. Por fim, um quarto exemplo é o de “Mandû”, assim registrado na CARTA Geographica da Capitania de Minas Geraes, e Partes Confinantes (1767), como um destacamento, permanecendo como tal, mas chamada de Itajubá, nos mapas de Rocha (1777b; 1778b; 1793). Destaca-se, ainda, que nos registros do MAPPA Topografico e Idrografico da Capitania de Minas Geraes (entre 1791 e 1798), nos de Miranda (1804), nos do autor anônimo (MAPPA da Capitania de Minas Geraes, 1870), e no de Eschwege (1821), Itajubá é assinalada como uma capela, ou seja, exemplifica mais uma mudança, dessa vez, do vínculo: o acidente geográfico.


No banco de dados históricos organizado para atender aos objetivos do projeto Registros Cartográficos Históricos: Revelando o Patrimônio Toponímico de Minas Gerais do Período Colonial e Joanino, e reorganizado para constar deste Repositório, tanto o aspecto acidental – genérico –, quanto o substantivo – o nome do lugar – foram anotados, e compreendidos como variáveis dos dados referidos. A propósito dessas variáveis, observa-se que as anotações de cada um dos seus elementos concernentes a todos os mapas que compõem a amostra estudada, foram realizadas, estritamente, de acordo com o registro ortográfico dos cartógrafos. Apenas no caso de os mapas não apresentarem legenda, é que se observou a ortografia atual para anotar os acidentes. Nesse caso, baseou-se nas legendas dos documentos escolhidos para realizar a decodificação dos significantes, constantes nos mapas que não as apresentaram. Para conhecimento desse critério de registro das variações distinguidas, mostram-se as do topônimo Itaverava que se encontram no banco de dados: “Itaberara” na CARTA Geographica da Capitania de Minas Geraes, e Partes Confinantes (1767); “Irabrava” em Rocha (1777a e b); “Itaberaba” (ROCHA, 1778a); “Itabrava” (ROCHA, 1778b); “Itaverava” no MAPPA Topografico e Idrografico da Capitania de Minas Geraes (entre 1791 e 1798); “Irabrava” em Rocha (1793); “Ituterava” em Miranda (1804); “Itabraba” no MAPPA da Capitania de Minas Geraes (1870) e no de Eschwege (1821).

A par das variáveis referidas, duas outras foram elencadas no banco. Essas variáveis  são derivadas da posição do acidente geográfico definida nos mapas, ou seja, do pertencimento de um lugar à Capitania de Minas e a uma de suas Comarcas. Nesse caso, também, foram considerados os registros dos cartógrafos. Decorre de tal fato que, independentemente da fidedignidade dos dados do cartógrafo, ou de um juízo a respeito dessa propriedade das representações, sempre foi considerada a definição das circunscrições territoriais mostradas nas representações. Reitera-se, também, que, sobre os critérios de armazenagem de variáveis, foram igualmente observados a definição da posição hierárquico-político-administrativa e eclesiástica indicada pelos autores dos mapas, e o registro ortográfico dos topônimos. É importante destacar que não se considerou discutir como objetivos, seja a fidedignidade dos dados representados, sejam as questões subjacentes, referentes a propósitos, a intenções e a contextos sociais e políticos, dentre outros, nem na organização dos dados do projeto que deu origem ao banco de dados, nem no que propiciou sua reorganização para este Repositório.

A problematização dos dados considerados para a consecução do projeto Registros Cartográficos Históricos: Revelando o Patrimônio Toponímico de Minas Gerais do Período Colonial e Joanino ocorreu, efetivamente, nos limites dos interesses do projeto e da produção bibliográfica, resultante da pesquisa. A ampliação de problemas, que podem ser levantados em referência aos dados sobre a Toponímia Histórica mineira, ao levantamento de questões significativas e ao desenvolvimento de novas pesquisas sobre o léxico e, ou ao território de Minas Gerais, são contribuições que se espera atingir com a divulgação deste repositório.

Com esses esclarecimentos, observa-se, a propósito, que são muitos os dados instigantes, suscetíveis de gerar questões de interesse, tanto do ponto de vista dos estudos do território, como da língua. Assinalando alguns exemplos, nota-se que a divisão das Comarcas no mapa da Capitania, feito por Miranda (1804), chama a atenção, pois os limites de Vila Rica foram ampliados na sua porção ocidental, e incorporou uma área importante da Comarca do Rio das Mortes, com um trecho significativo do Caminho Novo, que ligava o Rio de Janeiro a Vila Rica (Ouro Preto) e ao Tejuco (Diamantina).

Desse modo, pergunta-se: trata-se de uma informação equivocada, à qual o cartógrafo teve acesso, de uma proposta de revisão das fronteiras das Comarcas em questão, dentre outras hipóteses mais ou menos prováveis, que poderiam ser levantadas?      Miranda, Carta geographica da Capitania de Minas Geraes, e o autor anônimo, no MAPPA Topografico e Idrografico da Capitania de Minas Geraes (c. entre 1791 e 1798), estabelecem uma categoria de povoação – arraiais – que estaria em posição hierárquica entre os arraiais capelas e os arraiais freguesias.  Tal fato não é consentâneo com o estatuto político-administrativo das povoações nos períodos estudados. O que se pode supor disso? Qual o significado dessa legenda, intenção ou desinformação? Qual o motivo da associação de apenas uma povoação, o Tejuco (Diamantina), à categoria de arraial, no caso do mapa mais antigo, dentre os citados? O que o contexto político e a situação econômica da época podem esclarecer? Em que o estudo de outros mapas pode contribuir para o esclarecimento dessas questões?

Outro exemplo, que pode ser encontrado em quase todos os mapas estudados, corresponde à representação das povoações da Capitania de Minas Gerais em desacordo com a posição político-administrativa ou eclesiástica coeva. Entretanto, é no mapa de Miranda (1804) que se encontra o maior número de casos, de modo geral, referente à classificação dos arraiais[vi]. Em outros mapas, há casos de vilas que não foram registradas como tal. No mapa de Eschwege (1822), verifica-se que são assinaladas as duas povoações que se tornaram vilas no período Joanino – Baependi e Jacuhy –, ambas em julho de 1814; porém, a primeira ainda aparece representada como paróquia. Enfim, reitera-se, são muitos os exemplos que podem suscitar questões de interesse para o avanço das pesquisas sobre a toponímia e o território de Minas Gerais. 


Em relação aos topônimos históricos, cujas relações ou róis foram definidos, segundo os parâmetros citados anteriormente, observa-se que, por si só, já representam conjuntos de dados de valor, ou informações[vii]. Não obstante, esses dados foram estudados, compreendendo-os também como sujeitos: seres que podem caracterizar-se por aspectos geográficos e linguísticos.

Os topônimos históricos foram classificados segundo sua posição político-administrativa, definida pela Capitania e pela Comarca. Além disso, beneficiando-se do sistema de coordenadas geográficas, presentes em todos os mapas estudados, esses topônimos foram associados à sua posição em uma determinada quadrícula, o que corresponde a mais uma variável de posição, acessível aos usuários do Repositório, como um índice de atlas ou de alguns mapas, com vistas à sua identificação ou ao seu reconhecimento nos espaços de representação[viii]. A par dessas variáveis, tratou-se, também, de definir a localização atual dos lugares estudados, indicando-se o Estado, a mesorregião, a microrregião de pertencimento, e o nome e o vínculo geográfico hodierno.[ix]  Considerou-se, por ora, parâmetros qualitativos, estabelecidos a partir da localização relativa – cardeal, topológica e, ou projetiva, dos topônimos nos mapas históricos e atuais[x]. Entretanto, nem sempre foi possível obter essa atualização, pois, cerca de um terço dos topônimos, quer do Setecentos, quer do Oitocentos, não foi identificado no espaço geográfico atual, quando comparados esses topônimos com as fontes consultadas, de modo geral, dicionários históricos e geográficos de Minas Gerais, e coleções de mapas do IBGE, do IGA, da Comissão Histórica Geográfica de Minas Gerais e outras[xi].  Considerando-se as contribuições advindas de trabalhos em campo, de cartas topográficas e de outras fontes, acredita-se que a ampliação dos estudos possa reduzir a participação dos topônimos não identificados. Em contrapartida, pode auxiliar, quer na especificação de mudanças do vínculo e do nome com o lugar, quer na determinação de estiolamentos dos acidentes geográficos, em cujos lugares correspondentes, já não se encontram traços na paisagem.

No Repositório, tanto um conjunto, como outro dos topônimos, denominados identificados e não identificados, podem ser conhecidos. Ambos foram caracterizados em termos linguísticos, apoiando-se teoricamente em estudos toponímicos filiados às propostas de Dauzat (1926), Sapir e Dick (1990), e nos desenvolvidos por Seabra (2004)[xii]. A par disso, foram considerados os estudos de casos sobre a Toponímia Histórica mineira, realizados por Seabra (2012)[xiii]; Seabra e Santos (2012)[xiv] e Santos e Seabra (2011a, b; e 2015)[xv]. Tendo em vista essas orientações, as variáveis linguísticas compreenderam definições da natureza dos topônimos, da origem e da motivação dos nomes. Para a consecução dessas caracterizações, particularmente, a das origens dos topônimos, foram muito utilizados dicionários linguísticos[xvi].

Todas as variáveis levantadas para atender à perspectiva diacrônica que embasou os estudos e tornaram possível a organização do banco de dados original, foram estruturadas em dois conjuntos de planilhas, referentes aos períodos Colonial e Joanino. Cada um dos conjuntos, por sua vez, reuniu dados analíticos e sintéticos relacionados às Comarcas e à Capitania de Minas Gerais, visando ao atendimento da perspectiva diatópica, que também fundamentou a pesquisa. Os dados analíticos citados dizem respeito ao inventário dos topônimos presentes em cada um dos mapas da amostra selecionada. Os chamados dados sintéticos correspondem ao conjunto de nomes levantados, ao longo dos períodos estudados, e concernem ao território mineiro, ou às suas circunscrições político-administrativas, as Comarcas. As características temporais, espaciais, analíticas e sintéticas das planilhas originais foram mantidas no banco de dados do Repositório. Elas conformam, por sua vez, os mecanismos de buscas que foram criados, razão pela qual, os descritores que abrem o sistema de busca estarem relacionados àqueles conceitos que permitirão o conhecimento de todas as variáveis.

É de praxe, as instituições produtoras de cartografia no Brasil e em outros países solicitarem que os usuários contatem-nas, caso haja omissão e necessidade de retificações das informações contidas em seus produtos. Desse modo, ao apresentar aos estudiosos da Língua, da Cultura, da Geografia e da História de Minas Gerais os dados toponímicos levantados e os atributos que lhes foram conferidos, solicita-lhes que, assim também, o façam em relação a este banco de dados. Aguardam-se, com interesse, as manifestações dos usuários a quem o Repositório se dedica.


[i] Utiliza-se a terminologia de Saussure, significante e significado, empregada a propósito do signo linguístico, com vistas à explicitação da associação, que também ocorre nos signos cartográficos, entre imagem, no caso, gráfica, ao invés de acústica, referente àquele signo, e a um conceito. Sobre o tema, entre outros, remete-se a: DUBOIS, Jean. (Org.). Dicionário de Linguística. São Paulo: Editora Cultrix, 1978. p. 541-546.

[ii] Essa posição político-administrativa de destaque das vilas que, na sociedade colonial, concedia poder e prestígio aos seus habitantes, era também representada por signos mais elaborados, além de ser destacada com a designação do acidente referido, como se mostrou neste texto. A propósito, cita-se o trabalho de SANTOS, M. M. D.; SEABRA, M. C. T. C; COSTA, A. G. (Orgs.). Atlas – Patrimônio Toponímico na Cartografia Histórica de Minas Gerais. Belo Horizonte: Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, 2016. 1 CD. Acompanha material complementar (1 folheto e 10 marcadores de páginas). Disponível em: <http://www.ufmg.br/rededemuseus/crch.html>. Cita-se, considerando-se também o papel político, social e econômico dos arraiais e das vilas do Setecentos: FONSECA, C. D. Des terres aux Villes De L’or – Pouvoirs et territoires urbains au Minas Gerais (Brésil, XVIIIe siècle). Paris: Centre Culturel Calouste Gulbenkian, 2003.

[iii] Essa propriedade diz respeito a uma estrutura lógica do pensamento. Sobre a estrutura, conforme concepção de Piaget, dentre outros trabalhos, cita-se: PIAGET, J.; INHELDER, B. Gênese das estruturas lógicas elementares. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983.

[iv] Refere-se ao trabalho de SEABRA, M. C. T. C. A formação e a fixação da Língua Portuguesa em Minas Gerais: a Toponímia da Região do Carmo. 2004.  368 f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Faculdade de Letras , Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. 2 v.

[v]  O nome Tamanduá será mudado para Itapecerica pela Lei N0 2995, de 19 de outubro de 1882, vinte anos depois de a vila ter ascendido à categoria de cidade, pela Lei N0 1148, de 4 de outubro de 1862, segundo BARBOSA, W. A. Dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte-Rio de Janeiro: Editora Itatiaia Limitada, 1995. De acordo com o mesmo autor.

[vi] Um estudo de caso a respeito do mapa de Miranda (1804), que trata da questão citada e de outras sobre o documento, podem ser encontradas em: SANTOS, M. M. D.; CINTRA, J. P.; COSTA, A. G. A Capitania de Minas Gerais no início dos Oitocentos, segundo a Cartografia de Caetano Luiz de Miranda: Informações Fidedignas? Arquivos do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, Belo Horizonte, v. XX, Tomo I, p. 267-300, 2011; SANTOS, M. M. D.; CINTRA, J. P.; SEABRA, M. C. C. T. A Carta Geographica e o Mappa Topografico e Idrografico da Capitania de Minas Geraes: a segunda representação, base cartográfica para a primeira? Revista Caletroscópio, Ouro Preto, ano 1, n.1, p. 9-27, jul./dez. 2012; SANTOS, M. M. D. Espaço e Representação nas Minas Setecentista. Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, ano XLVI, n. 2, p.44-59, jul./dez. 2010.  

[vii] Entende-se esse conceito como respostas às indagações ou perguntas significativas que podem ser propostas para a compreensão ou a explicação de um conjunto de dados, como define Bertin, em: BERTIN, Jacques. Sémiologie Graphique: Les Diagrammes, les Réseaux, les Cartes. 2. ed. Paris: Gauthiers-Villars, 1973.

[viii] Essa variável, ressalta-se, visa a auxiliar o usuário do Repositório, embora possa compreender algumas incertezas, pois, com alguma frequência, é possível que se encontrem topônimos semelhantes presentes na mesma quadrícula de um mapa estudado. Entretanto, em alguns desses casos, os homônimos poderão ser distinguidos, pois os nomes se referem a acidentes geográficos diferentes, ou apresentam pequenas variações fonéticas e, ou ortográficas.

[ix] . Essa atualização considerou a divisão política e administrativa do estado de Minas Gerais em vigor até deszembro de 2016.

[x] Os mapas históricos encontram-se em fase de georreferenciamento, tendo-se definido os meridianos de origem das longitudes escolhidos pelos autores das representações, entre outros metadados. Desse fato decorre, reafirma-se que, por ora, a atualização dos dados não está fundada nas correspondências verificadas entre as coordenadas geográficas históricas e atuais dos lugares estudados, mas em inferências qualitativas.

[xi] BARBOSA, W. de A. Dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte, Rio de Janeiro: Editora Itatiaia Limitada, 1995; CARVALHO, Teófilo Feu. Comarcas e Termos, Creações, supressões, restaurações, incorporações e demenbramentos de Comarcas e termos, em Minas Geraes (1709-1915). Belo Horizonte: Imprensa Official de Minas Geraes, 1922; CÓDICE COSTA MATOSO. Coleção das notícias dos primeiros descobrimentos das minasna América que fez o doutor Caetano da Costa Matoso sendo ouvidor-geral das do OuroPreto, de que tomou posse em fevereiro de 1749, e vários papéis. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1999. v. 1 e 2.; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Evolução da Divisão Territorial do Brasil – 1872 -2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011; INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS; ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. As denominações urbanas de Minas Gerais: cidades e vilas mineiras com estudo toponímico e da categoria administrativa. Belo Horizonte: Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, 1993; SAINT-Adolphe, J. C. R. M. de. Dicionário histórico, geográfico e descritivo do império do Brasil. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro; Fundação de Pesquisa Aplicada, 2014. v.1 e 2; Álbum Chorographico Municipal do Estado de Minas Geraes 1927: Estudos Críticos. Disponível em: <http://www.albumchorographico1927.com.br/>. Acesso em: 30 ago. 2016.

[xii] SAPIR, Edward. Linguística como ciência – Ensaios. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica,1961; DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. A Motivação Toponímica e a Realidade Brasileira. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo: Edições Arquivo do Estado, 1990.

[xiii] SEABRA, M. C. T. C. Toponímia ou Nomes de Lugares. In: ALBUM CHOROGRAPHICO MUNICIPAL DO ESTADO DE MINAS GERAES, 1927: ESTUDOS CRÍTICOS. Disponível em: <http://www.albumchorographico1927.com.br/texto/estudo-critico-toponimia>. Acesso em: 30 ago. 2016.

[xiv] Dentre os trabalhos das autoras, no eixo temático citado, remete-se a: SEABRA, M. C. T. C.; SANTOS, M. M. D. Toponímia de Minas Gerais em Registros Cartográficos Históricos. In: ISQUERDO, A. N.; SEABRA, M. C. T. C. As Ciências do Léxico: Lexicologia, Lexicografia, Terminologia, v. VI. Campo Grande: Editora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2012. (Ciências do Léxico, v. 3). p. 245-258.

[xv] SANTOS, M. M. D.; SEABRA, M. C. T. C. Registros onomásticos da Comarca de Vila Rica, na Capitania de Minas Gerais: a toponímia de origem portuguesa em mapas dos Setecentos e Oitocentos. Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica. Porto: Universidade do Porto, 2011; SANTOS, M. M. D.; SEABRA, M. C. T. C. Motivação toponímica da Comarca do Serro Frio: estudo dos registros setecentistas e oitocentistas em mapas da Capitania de Minas Gerais. Arq. Mus. Hist. Nat. Jard. Bot., v. 20, t. 2, p. 237-265, 2011; SANTOS, M. M. D.; SEABRA, M. C. T. C. Memória do patrimônio linguístico de Minas Gerais: Análise da motivação toponímica de natureza física da Comarca de Vila Rica em registros cartográficos históricos. Revista Brasileira de Cartografia, Rio de Janeiro, n. 67/4, p. 787-803, jul./ago./2015.

[xvi] Dentre eles, citam-se: VIARO, M. E. Etimologia. São Paulo: Contexto, 2011; LIMA, E. C. A Toponímia Africana em Minas Gerais. 2012. 215 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) – Programa de Pós-Graduação em estudos Linguísticos da Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas gerais, Belo Horizonte, 2012; MACHADO, J. P. Dicionário onomástico etimológico da língua portuguesa. Lisboa: Confluência, 1984. GUÉRIOS, R. F. M. Dicionário etimológico de nomes e sobrenomes. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ave Maria, 1981; GUERRA, A. J. T. (Org.). Novo Dicionário Geológico-geomorfológico. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001; COSTA, J. R. Toponímia de Minas Gerais. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1970; CARVALHO, A. P. M. A. Hagiotoponímia em Minas gerais. 2014. Tese (Doutorado Estudos Linguísticos) – Programa de Pós-Graduação em estudos Linguísticos da Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas gerais, Belo Horizonte, 2014. v. 1 e 2.